Nomes de pessoas: variações e grafia correta (1)

Publicado em 26/03/2024

O registro civil no Brasil é bastante democrático, digamos assim, pois permite variações de nomes, sobretudo daqueles de origem estrangeira, que podem se tornar híbridos, a exemplo de Wagner, Wilson, Grasiella, Jefferson, Maikon, Deyson, entre outros. Os cartórios só não registram nomes que possam causar constrangimento. No mais, atendem ao gosto do freguês.  Todavia, a orientação que podemos oferecer aos pais e aos cartórios é que, ao escolher e registrar nomes próprios, sigam as normas ortográficas vigentes.

Transcrevo a instrução oficial (Formulário Ortográfico de 1943, item 39): “Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer natureza, sendo portugueses ou aportuguesados, estão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns”.

Sendo assim, elencamos abaixo apenas a grafia correta de alguns nomes de pessoas, junto com breve explicação gramatical para o emprego dessa ortografia, especialmente em relação ao acento gráfico:

Paroxítonos

As palavras paroxítonas, que formam a maior parte do nosso léxico, de modo geral não são acentuadas graficamente. O acento agudo ou circunflexo é usado numa minoria de casos para evidenciar que a sílaba tônica, de maior intensidade, fugiu ao normal, mudou de lugar, orientando assim a nossa pronúncia.

É correto, pois, acentuar os seguintes nomes em razão de:

- Ditongo oral no final da palavra, seguido ou não de s:

(ia) Amália, Amélia, Cátia, Cássia, Célia, Cecília, Cíntia, Felícia, Hortência, Lélia, Lídia, Lúcia, Márcia, Marília, Ofélia, Sônia, Tânia, Tércia, Valéria, Vânia

(io, iu) Antônio, Anísio, Aloísio, Aluísio, Dário, Décio, Eugênio, Flávio, Hélio, Júlio, Lúcio, Marcílio, Márcio, Mário, Maurício, Otávio, Sérgio, Venâncio, Vinício, Vinícius

Ainda que o Acordo Ortográfico (2009) tenha derrubado o acento gráfico nos ditongos representados por ei e oi da sílaba tônica das palavras paroxítonas, como é o caso de Coreia, é lícito acentuar, por questão de timbre, estes nomes: Nilcéia (ou Nilcéa) e Léia (para não se ler como Leia, o verbo, com e fechado), que tem como variante Lea (a rigor, paroxítona terminada em a ou o não leva acento, como Leo) ou mesmo Léa, já que foneticamente existe aí um ditongo  decrescente léi-a, o qual era norma acentuar. Pela mesma razão é que se usava e se usa acento gráfico em Oséas o-séi-as e Enéas e-néi-as.  

- Terminação em ão: Cristóvão, Estêvão

- Terminação em i, is: Clóvis, Dênis, Íris, Régis

 - Terminação em l: Aníbal

- Terminação em n:   Cármen (ou Carmem), Dêison, Gérson, Gílson, Hamílton, Jaílson, Nílson*, Máicon (ou Maicom), Uílson, Vílson*

* A despeito da regra ortográfica, os nomes que acabam em “son” (filho, em inglês) raramente são acentuados no Brasil. Nelson, por exemplo, fica até estranho como Nélson, mas com o acento há uns poucos.

- Terminação em r: Amílcar, Válter, Vítor

- Hiato, quando i ou u forma sílaba tônica sozinho: Aída, Araújo, Arduíno, Heloísa, Luísa, Luíse, Maíra, Taíza

 O assunto continua na próxima edição.

...  Artigo publicado na Revista Bonijuris n. 679, dez. 2022