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Pergunta nº: 455
10/12/2015 - Fabrício Wloch
Consulta: Professora,
Há uns dias, ouvi um colega corrigir outro porque ele falou o seguinte: \"Nunca ninguém havia me dito isso\".
O argumento foi de que não se deve cumular \"nunca\" e \"ninguém\". Procede isso? Obrigado.

Resposta:
Exagerou quem disse isso. Em português, “menos com menos dá mais”, ou seja, usam-se duas negações na mesma oração, como se vê nestes exemplos:
Não é nada disso.
Nunca fez nada tão lindo.
Nunca chamou ninguém para ajudá-la.
Eu te amo como ninguém nunca te amou.
[variação: como ninguém jamais te amou. Mas: como jamais alguém te amou]
Não temos orgulho nenhum. [variação: Não temos orgulho algum. Cf. Não Tropece na Língua nº 148 – NENHUM, QUALQUER, DE MODO ALGUM, DE MODO NENHUM]
E poderíamos dizer que Mário Quintana errou neste poema? Está no seu livro A Cor do Invisível, de 1989:

Nunca
Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar…
Por isso o meu verso tem
esse quase imperceptível tremor...
A vida é triste, o mundo é louco!
Nem vale a pena matar-se por isso.
Nem por ninguém.
Por nenhum amor…
A vida continua, indiferente!

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