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Pergunta nº: 362
23/09/2009 - João Adalberto Monteiro
Consulta: Cara professora:

Lendo ontem, ou anteontem, seu artigo em Folha de Londrina, aproveito a oportunidade para acrescentar outras considerações sobre a palavra contas-correntes, e variações.
Historicamente sempre se escreveu contas-correntes quando se pretende indicar o livro contábil, portanto um substantivo (daí a razão do hífen), onde são escriturados os débitos e os créditos dos fregueses da empresa comercial, industrial, serviços, etc.
Ontem, como hoje, o livro contas-correntes continua sendo utilizado. Evidentemente não mais é escriturado à mão, como no passado remoto, nem à máquina de escrever, ou por qualquer outro meio de reprodução, como no passado recente, mas eletronicamente, via computador.
Em outras palavras, não se aboliu o livro contas-correntes, ao contrário. Encontra-se, entre nós, vivíssimo, contabilmente, comercialmente, popularmente. Utilizam-no os escritórios de contabilidade, os comerciantes, no qual são lançadas as vendas a prazo; e, ao final do mês, extraídos os saldos devedores, onde são lançados os créditos (pagamentos).
Contas-correntes é igualmente o prosaico caderno que o açougueiro, o padeiro, do bairro, emprega para registrar as compras a prazo (as contas correntes, sem hífen, da clientela) do homem de bem, que o comerciante conhece e em quem confia. Note-se ainda que o livro Contas-correntes, a que me refiro, e que hoje pode ser adquirido em livrarias, às vezes nem mesmo é o caderno, mas simplesmente folhinhas avulsas unidas por clipes ou grampos, ou ainda fichas, mais práticos, mais econômicos, decerto mais comerciais.
É o conhecido fiado. (Quem nunca viu aquelas placas que alguns comerciantes fixam em pontos estratégicos da casa: “Não vendemos fiado; Fiado morreu de velho”?) Aliás, eu mesmo faço uso de algumas dessas contas abertas em meu bairro, uma no açougue da esquina, outra na padaria vizinha. Tais tipos de contas correntes referem-se, quase sempre, a miudezas, a pequenos valores, o que explica a condescendência dos comerciantes, práticos e hábeis ao balcão. Contas correntes que ao final do mês são contas fechadas.
Também encontrei, consultando o Antônio Houaiss, edição do autor, no verbete conta, entre outras: conta aberta, conta corrente, referindo-se esta à escrituração do débito e do crédito de alguém. Vale dizer, registro contábil em uma das muitas contas correntes, aplicando-se igualmente para abertura de conta corrente bancária. Contas-correntes, e nisso não há dúvida, palavra que o dicionarista emprega, diferentemente, como livro contábil, à semelhança de tantos outros.

Umuarama, 22 de setembro de 2009.
João Adalberto Monteiro

Resposta:
Agradecendo a contribuição ao tópico abordado na coluna Não Tropece na Língua nº 158, fica aqui o seu registro para os leitores interessados.

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